sexta-feira, 29 de abril de 2011

Nosso tempo afetivo busca reencontrar Todo sentimento

Chico Buarque e Cristovão Bastos dois geniais artistas brasileiros que dispensam apresentação,  foram muitos felizes ao comporem a bela canção " todo sentimento", para aqueles que ainda não conhecem esta obra de arte que fala de sentimentos  e do valor afetivo sobre quem ou aquilo que potencializam nossa razão de viver estando juntos ou distante , trancrevo neste momento o conjunto da obra.

          

Todo o Sentimento

Chico Buarque

Composição : Chico Buarque e C. Bastos

Preciso não dormir até se consumar a tempo da gente.
Preciso conduzir um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir no último momento um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento e bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer até o amor cair doente, doente...
Prefiro, então, partir a tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder, te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada; nada aconteceu.
Apenas seguirei como encantado ao lado teu.


Quantos amores por nós já passaram,, alguns vivemos plenamente, outros não fomos capazes de percebê-los. Chegamos até o tempo de ignorá-los sepultando-os de nossas memórias, porém tivemos amores que ainda não morreram e talvez jamais se desfaçam de nós. Enfim, negligenciamos sobre nossos sentimentos e por  incapacidade de amar acabamos por perdê-los. Penso que Chico e Cristovão nos colocam de frente com nossas arqueologias de emoções e nos presenteiam com um belo achado sobre o tempo afetivo que reside e mora em nossas dores e amores, porém se não nos matam as vezes deixam sequelas ou nos servem como lição de vida para reapreendermos  a resignificar nossos sentimentos.  Relações terminam, outras recomeçam, algumas se transformam em outros sentimentos como de amizade,  inimizade, o certo é que devagar vamos entendendo que o amor é universal e não acaba nunca, por isto, novos tipos de relações vão se reinventando devagar ou não, por isto é que o final de uma grande relação, muitas vezes nos tira o sono, e quando  há dúvidas se ja está perto de finalizar e de anunciar a hora da partida, somos tentados a um breve olhar para trás cheios de reticências se não é melhor refazê-lo.
O tempo da afetividade é bem diferente do tempo cronológico, neste somos calculistas, frios, i-racionais  demais, naquele damos passagens para a sensibilidade, para o cuidado e zelo com quem amamos muito, talvez  a teologia estivesse certa quando afirmou que as relações se dão na tristeza, na alegria , na doença .....
Se pensarmos do ponto de vista ontológicos isto está certo sim, daí depois de tanto tempo é duro se desvencilhar, porque nos sons, nas cores, nos cheiros em todos nossos sentidos, ainda vão residir por um tempo a alma humana com quem vivenciamos e maturamos  a cada dia o que nos foi singular no tempo de amar.
Por tanto, no tempo da delicadeza onde misturam-se em nós um pouco de humano com o divino, é que talvez iremos sublimar para um novo tempo de afetividade, por onde deverá jorrar todo nosso sentimento na busca de novos significados e sentidos para a arte de amar e de construir novas passagens para uma felicidade a ser cosntruida no tempo e no amor presente de cada um.
Talvez por isto o silêncio seja nossa grande companheira no momento de nos refazer, pois recomeçar se não for de abraços abertos e beijos que extravasem todos nossos sentimentos sem olhar para os erros e mágoas que deve ficar para trás, somente quem sabe na hora da morte que escolhemos por tê-la, esta não nos tornará encantados  até o "juizo final".

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